06 fevereiro 2008

Tchau vs. adeus

Não sei bem de onde raio apareceu a mania do “tchau”, talvez com o surgimento massivo de telenovelas, vindas do outro lado do Atlântico, há uns valentes anos atrás, nem se o dicionário da língua portuguesa apresenta, lá no meio de tantas páginas, o caraças da palavra, tirando-me toda e qualquer razão que pudesse ou possa ter neste caso.

Sei que o que é mais correcto é usar a palavra “adeus”, em situações de despedida, e comecei a ficar deveras incomodado quando ouvia a pequena criatura, sempre com um grande sorriso, a dizer “tchau” cada vez que levantava a pequena mãozinha ou dava um beijinho para se despedir de alguém.

Sabemos, a minha querida mulher e eu, que é mesmo assim, e que as crias vão atrás do que ouvem constantemente durante o dia, como, por exemplo, no infantário, onde não há uma educadora que utilize a palavra mais correcta.

Neste caso, nada mais a fazer do que, logo de manhã e ao deixar a Joana no colégio, atirar com um “adeus” ligeiramente mais audível do que o “tchau” da educadora, imediatamente após a despedida desta, na esperança dupla de que a educadora perceba a indirecta e que a filhinha assimile o “adeus”.

Para ajudar à festarola, os responsáveis pelas prendas de Natal do meu emprego decidiram que a cria já deveria ter idade para aprender a ver as horas e ofereceram-lhe um relógio, muito educativo, sem dúvida, mas com uma vozinha estupidamente ridícula que ajuda as crianças a terem um primeiro contacto com o que são as horas e os minutos em português com sotaque brasileiro.

Ora, escusado será dizer que, quando se desliga o raio do artefacto falante, a vozinha despede-se com um aparvalhado “tchauzinho”, o que provoca comichões intensas nas palmas das mãos e uma vontade imensa de despedaçar o dito cujo relógio contra uma parede.

Mas, no que toca a este tema tão complexo e intrigante da natureza falante dos humanos, nem tudo é negativo e a Joaninha, que, graças a Deus, tem demonstrado ser uma cria deveras inteligente, presenteou-nos com vários maravilhosos “Ideusss” durante este fim-de-semana prolongado, após a nossa tenaz insistência em tentar fazê-la perceber que “adeus” é a palavra correcta.

E, como este post já vai longo, “ideussss” e até amanhã.

1 comentário:

Carla disse...

Quando posso dispenso os termos brasileiros, mas procuro ser tolerante em relação a isso. Tenho esperança que quando ele crescer faça as escolhas dele em conformidade com a realidade que vive em casa.

Imagino a Joana e dizer essas coisas todas. Deve ser bem giro.

Beijos