31 março 2009

Declaração vs. Atestado

Por ocasião da obtenção de uma porcaria qualquer que dissesse que a minha querida mulher teve que ficar em casa com a filhinha que estava doente…

Eu declaro
Tu declaras
Ele (o médico) declara

Eu atesto
Tu atestas
Ele (o médico) atesta

Nós declaramos
Vós declarais
Eles declaram

Nós atestamos
Vós atestais
Eles atestam

Atestado ou declaração? Desde que justifique a falta, parece-me exactamente a mesma coisa, ou não?

Ou serão preciosismos como este que impedem este país de andar para a frente?

O que interessa é que a pequena cria já está melhor e já foi para o infantário, toda contente apesar da recente mudança da hora.

O Papá

30 março 2009

Em casa

Ontem foi dia de festarola e lá fomos para Lisboa para a festa de anos do filho mais velho da minha madrinha.

E já andam por aí a dizer que o mais novo, o JM, e eu fazemos um lindo casalinho…

Apesar de estar uma bonita tarde de sol, estava uma ventania desgraçada e uma temperatura algo fresca e desagradável e, talvez por isso, cheguei a casa muito murchinha, sinal evidente para os papás de que alguma coisa não estava bem.

O que não estava bem é que estava com 38,5º de febre.

Brufene e a febre desceu e voltou a subir… Mais Brufene, não sei quantas horas depois, e a febre voltou a descer.

Hoje, pela manhã, já estava, outra vez, um bocadinho quente e, por isso, fiquei em casinha com a mamã.

A Cria

27 março 2009

Coisas do dia-a-dia

Ontem fui cortar o cabelo e acabou-se, por agora, o rabo-de-cavalo.

Hoje, antes de sair de casa, decidi entrar numa de birra e atirei-me para o chão, precisamente quando o papá ia a passar, cheio de pressa.

O resultado foi que o papá, sem querer, pisou a minha mãozinha, sem gravidade porque ainda foi a tempo de se aperceber do potencial desastre e evitou males maiores.

A Cria

26 março 2009

Ikea

Já com vista ao dia dos meus anos, ontem fui, com os papás e o avô A., ao Ikea encomendar um quarto novo para mim.

Depois de comer qualquer coisa rápida, e como não queriam ter grandes preocupações com as minhas irrequietudes, os papás decidiram deixar-me num espaço lúdico para crianças muito agradável.

Foi a primeira vez que o fizeram e, ainda, com algumas reticências, especialmente por parte da mamã que não se sentia muito à vontade em deixar-me no meio de desconhecidos.

No balcão de atendimento, tive direito a uma caixa numerada para deixar os meus sapatos e, depois dos papás preencherem uma ficha de inscrição, que, de alguma maneira, deixou a mamã mais descansada, a um colete fluorescente.

Depois, foi ir lá para dentro e entrar no espírito da coisa, com muitas brincadeiras entre desenhos, subir a umas torres muito engraçadas, fazer uns malabarismos nuns colchões, esconder dentro das torres dum castelo e mergulhar numas bolas tipo espuma.

Durante duas horas, os papás ficaram descansados – já que levaram um aparelhómetro que os avisava se eu precisasse de alguma coisa – e eu fiquei muito divertida, no meio de novas amizades e muita diversão.

A Cria

25 março 2009

Muita brincadeira

Ontem, por ocasião do aniversário da tia R., revi a prima I., que já não via há algum tempo.

Ainda que a I. seja mais bebé do que eu, fartamo-nos de brincar com balões, a correr dum lado para o outro e a desarrumar a casinha dos avós.

E ainda tive tempo para lhe dar a pápa, o que me deu um gozo especial.

Para a tia R., ficam os parabéns pelo aniversário e por ter outro bebé dentro da barriga dela.

A Cria

24 março 2009

Coisas que gosto - 13

Gosto de ajudar a pôr a mesa, desde estender a toalha até à colocação dos guardanapos, passando pela disposição dos pratos e dos talheres.

Ainda me dá mais gozo quando a mamã coloca alguns acepipes na mesa, que vão fazendo as minhas delícias, à laia de aperitivos, enquanto estou concentrada nos meus afazeres domésticos.

A Cria

22 março 2009

Os avisos do papá

Quando me viu aos pulos, a dançar e, como ele bem disse, armada em parva em cima dum baú que está na sala cá de casa, o papá avisou-me para ter cuidado e para sair dali, antes que eu caísse.

Dito e feito… Precisamente num momento em que os papás tinham ido á cozinha levar uns pratos, escorreguei e estatelei-me no chão, entre o dito baú e a mesa de apoio da sala.

No meio da queda aparatosa, já que fiquei toda torta e virada ao contrário, bati com a cara sabe Deus aonde e o resultado foi um golpe na parte de dentro do lábio superior, que se fartou de deitar sangue, o nariz, também, a sangrar e a bochecha direita inchada e com uns arranhões pequeninos junto ao olho.

Depois do susto, de muito choro e dos papás terem tratado das minhas mazelas, só com água fria e algum gelo, sinto que tenho duas bocas e três bochechas, tal é o inchaço visível na minha cara.

E ainda levei um raspanete…

A Cria

Borbulhas

Estávamos, a minha querida mulher e eu, a ver umas coisas no computador quando senti uma necessidade imperiosa de ir à casa de banho.

Quando lá cheguei, estava ocupada pela pequena cria que, com um ar doce, me disse que tinha umas borbulhas na cara, enquanto me estendeu uma bisnaga de creme.

Olhei para a embalagem e suspirei de alívio, ao verificar que estava fechada e que não havia vestígios de creme na cara da filhinha.

O creme escolhido pela pequena criatura para aliviar as borbulhinhas era, nada mais, nada menos, o creme depilatório da mãe…


O Papá

19 março 2009

Dia do Pai


Hoje, quando me foi acordar, a mamã relembrou-me que hoje é Dia do Pai e fomos, a correr, buscar a prenda para o papá… Uns sapatos muito bonitos que o papá calçou logo após eu e a mamã o termos enchido de beijocas, como fazemos todos os dias.

O papá diz que é um dia como todos os outros e, vendo bem as coisas, acho que até tem razão.

De qualquer maneira, é tradição e, por isso, deixo aqui um beijo grande e especial para o meu papá, que adoro!

A Cria

O botão do comboio

Um dos meus entreténs, quando me lembro dele, é um comboio – ou melhor, a locomotiva dum comboio – que anda dum lado para o outro quando pressionamos um botão que mais parece a chaminé da maquineta.

Hoje, antes de sairmos de casa, decidi dar um pouco de trabalho ao comboio e, como o papá estava por perto, desafiei-o para a brincadeira e perguntei-lhe se queria cagar…

Num misto de riso e cara séria, o papá respondeu-me “Cagar, filha?

Xim, cagar o botão do comboio” – respondi eu.

Não é cagar, Joana.” – disse o papá – “Carregar! Carregar no botão do comboio.

Caguegar o botão!” – tentei eu, na minha boa vontade – “Cagar o botão!

Ah, raio de coisa difícil esta de pronunciar os “RR”.

A Cria

18 março 2009

Amuado

Assim que arranquei com o bólide, em direcção à escola, a pequena cria começou, tagarela, a debitar palavras a torto e a direito.

De repente, fez uma pausa e chamou: “Pai, pai!

Sim, filha. O que foi?” – respondi-lhe.

A resposta foi qualquer coisa como Gonçalo amuado ou Gonçalo muado ou Gonçalo nuado da Joana.

Engoli em seco e olhei para a mãe, que, com um sorriso doce, se antecipou e, antes que eu pudesse dizer fosse o que fosse, voltou a perguntar à filhinha o que é que ela tinha dito.

A resposta foi a mesma, que é como quem diz “O Gonçalo é o namorado da Joana”.

Enquanto a minha querida mulher se desfez em risos e, depois, em conselhos do género “beijocas só nas bochechas”, eu engoli em seco e continuei a guiar, sem dizer uma palavra – eu, sim, amuado – e a pensar na vida…

Não que me importe que a filhinha namore, nada disso, desde que o rapazito seja educado, bom aspecto e respeitador.

O problema é que estamos em tempo de crise e não me parece que haja por aí uma qualquer instituição bancária que me faculte o empréstimo para comprar o tal tanque de guerra.

O Papá

17 março 2009

"Pais"?

Há meia dúzia de dias atrás, ouvimos falar da tragédia dum bebé que ficou esquecido pelo pai dentro dum carro.

Ontem, ou anteontem, a notícia de dois irmãos que ficaram a brincar dentro dum carro, enquanto os pais iam buscar malas, ou coisa parecida, e que, acidentalmente ou não, destravaram a viatura que se despenhou por uma ravina de 20 metros abaixo.

Hoje, a notícia dum bebé de dezanove meses que estava a brincar numa varanda dum quinto andar e que se estatelou no alpendre do primeiro, depois de uma queda de 10 metros.

O primeiro morreu; os dois irmãos estão hospitalizados em estado considerado muito grave; o terceiro, hospitalizado está, em coma.

Quem me conhece, sabe que sempre fui apologista de que as pequenas crias devem aprender por elas mesmas e, dentro dos limites considerados seguros e razoáveis, sempre dei liberdade à nossa filhinha para explorar o mundo que a rodeia e, assim, assimilar o que é bom ou mau, seguro ou perigoso, verdadeiro ou falso e outros adjectivos similares.

Sei que muita gente me poderá considerar insensível mas, como pai que sou, continuo sem entender como é que acidentes deste calibre podem acontecer, a não ser por um total desleixo e estupidez nata.

O Papá

Animalejos voadores

Com esta vaga de dias mais quentes, a natureza, que tanto me fascina, sofre algumas mudanças e aparecem algumas coisas novas.

Ontem, depois do jantar, o papá estava a arrumar a loiça e reparou que, lá fora, andavam uns animalejos voadores num enorme corrupio.

Assim que o papá me chamou, fui a correr para a cozinha e ficámos os dois à janela para ver o que se passava, e, efectivamente, lá andavam dois ou três morcegos a esvoaçar dum lado para o outro.

Claro que, àquela velocidade, não consegui ver bem o raio do bicho, e, ainda que percebesse que tem asas, o papá já me disse que não são passarinhos…

Não são piu-pius, papá! São mucegos!


A Cria

16 março 2009

Momentos de ternura

Nada melhor e mais gratificante do que ver a felicidade estampada na cara da filhinha quando puxa pelos pescoços dos papás para ficarmos os três abraçados.

13 março 2009

Esquecimentos e lembraduras

Ontem, esqueci-me de picar o cartão de ponto depois de almoçar; lembrei-me – vá lá, lembrei-me – de ir comprar papel higiénico, algo de que me tinha esquecido anteontem; esqueci-me, há uns dias atrás, da porra do relógio, mas lembrei-me de pôr gasolina, e ainda bem, porque o bólide já andava a vapores; lembrei-me de comer meia sandes, a meio da manhã, porque, no meio da correria dos faxes e dos telefonemas, a barriga começou a fazer uns ruídos maliciosos; esqueci-me do euro milhões; ao abrir a porta de casa, para sair para mais um dia de trabalho, olhei para os pés da minha mulher e, com um sorriso gozão, lembrei-a de que ainda estava de pantufas; esqueci-me de dar comida aos peixes mas, ao passar ao lado do aquário, houve um estímulo cerebral que me lembrou desta tarefa caseira; tranquei a viatura à porta de casa, sim, tranquei, mas voltei atrás para confirmar porque, ao chegar a casa, estava com a impressão de que não o tinha feito; lembrei-me de mudar a fralda à pequena criatura e de lhe atirar com um bocado de pó de talco para cima das partes mais íntimas, porque reparei que estava um bocado assada; esqueci-me de pagar a conta do telemóvel, mas o operador mandou-me uma mensagem escrita para me relembrar.

Lembrei-me de sentar a pequena criatura na cadeirinha e de lhe apertar o cinto, antes de arrancar com o bólide rumo ao infantário.

Não me esqueci de a tirar da cadeirinha e de a levar, juntamente com a mochila, provida de fraldas, lanche e outros artefactos que fazem falta a uma bebé, para dentro da escola.

Não me esqueci de me baixar para lhe dar um beijo, desejar-lhe um bom dia e recomendar-lhe que se portasse bem.

Talvez não tenha o direito – e acredito, até, que não tenha – de julgar o “pai” que se esqueceu da pequena cria dentro do carro, durante três horas e debaixo da torreira do sol, provocando-lhe a morte, mas é daquelas coisas que não me cabem na carola e que acho totalmente inconcebíveis, apresentem as desculpas que apresentem, como cansaço, stress, excesso de trabalho e afins.

Não consigo, nem quero, imaginar a angústia por que este homem está a passar e que o vai atormentar para o resto da sua vida, a não ser que enfie um balázio pelos cornos dentro, e que é, sem dúvida, o maior castigo que se lhe pode aplicar, mas daí a manifestar o meu apoio e solidariedade…

Ter pena dum “pai” que esquece um filho dentro dum carro?

Não contem comigo!

O Papá

NOTA – Também publicado no Sempre-a-Produzir

12 março 2009

Três noites

Assim de repente, e que tenhamos reparado, já lá vão três ou quatro noites em que a filhinha adormece sem estar agarrada à fralda e a um peluche.

Aninha-se, numa posição resultante duma mistela entre as maneiras de dormir da mãe e do pai, e adormece passados alguns minutos.

Mais um sinal associado ao crescimento das pequenas crias?

Se assim for, fica a faltar o sinal de largar a porra da fralda, coisa que está a demorar mais do que o previsto.

Porco dançante

Ainda eu era muito pequenina quando os papás me ofereceram um “buguinho”, muito engraçado, que desata a dançar, que nem maluco, quando lhe apertamos a pata.

Lembro-me que os papás usavam, frequentemente, o “buguinho” para me distraírem enquanto me davam a pápa.

Desde que tenha pilhas, o malandro do “buguinho” ainda dança, se bem que um bocado coxo, e com dores nas articulações, fruto dos inúmeros abraços que eu lhe dei e da minha mania em querer obrigá-lo a fazer uns passos dançantes diferentes daqueles a que estava habituado.

Ontem, a mamã fez-me uma grande surpresa e presenteou-me com um porquinho dançante.

O bicharoco vai andando ao som da música, com um ar muito engraçado, e, se lhe puxarmos o rabo, desata a grunhir – a grunhir que nem um porco, obviamente – e até parece que solta umas valentes bufas sonoras.

Um delírio, enquanto as pilhas durarem…

A Cria

10 março 2009

A meio da noite

Por volta das duas da manhã, percebi que havia alguém a passear algures entre o corredor e a sala, muito provavelmente o papá que deveria estar a papar umas bolachinhas e a beber um copo de leite, como é seu hábito.

Levantei-me e lá fui indagar.

Era mesmo o papá que, imediatamente, me fez dar meia volta numa tentativa de me levar para a minha caminha…

Tentativa, sim, porque nem a desculpa de que o meu quarto estava quentinho me demoveu do meu propósito nocturno, ou seja, ir dormir, sim, mas na cama dos papás.

Hoje, ao acordar na minha caminha, fiquei um bocado confusa, porque lembro-me de adormecer, quentinha, entre a mamã e o papá, mas não dei por nada quando me levaram de volta para o meu quarto.

A Cria

09 março 2009

Aspirador malandreco

Bem sei que a culpa é de quem estava a manusear o aspirador, neste caso a mamã, mas mais vale acusar o aspirador e assim ninguém fica triste.

Só sei que as únicas coisas que ouvi foi um “sssrrrrullllp”, um berro de aflição e, já com uma voz mais calma, a mamã a pedir-me desculpas, com um sorriso malandro.

Depois, foi a vez do papá, que lá teve que ir para a rua rasgar o saco do aspirador e rebuscar, lá no meio do pó e do lixo, a minha meia que tinha sido aspirada por engano, enquanto eu fiquei, agarradinha à mamã, a chorar compulsivamente e a gritar pela meia.

Assim que o papá tocou à campainha, corri para a porta e verifiquei, toda contente, que a meia voltou, sã e salva, cansada da aventura e pronta para ir para a máquina da roupa, de tão porca que estava, a coitadinha da meia.

A Cria

07 março 2009

Coisas que gosto - 12

Mais uma prova

Amanhã, o papá vai para mais uma prova nos popós pequeninos e, por ser muito cedo, a mamã e eu vamos ficar na ronha.

Como é costume, o papá começa a preparar as coisas na véspera, para poder dormir mais uns minutos e para ter a certeza que, no meio da pressa, não se esquece de nada, e eu aproveitei a deixa para ensaiar um pouco do ritual que envolve esta coisa dos apetrechos para guiar um popó pequenino…

Como o equipamento da mamã estava no mesmo saco que o do papá, decidi dar uma ajudinha nas arrumações, não sem antes ver se ainda falta muito para que as luvas da mamã e a carapuça me sirvam na perfeição…

A Cria

06 março 2009

Porcaria de tempo

Depois duma grande correria matinal, cheguei à escolinha para dar de caras com a novidade de que o passeio que íamos realizar hoje, até Santarém, para visitar a Expo Criança, tinha sido cancelado por causa do mau tempo.

Parece que fica para a semana e só espero que, dessa vez, o tempo ajude.

A Cria

04 março 2009

Coisas que gosto - 11

Além dos peixinhos do aquário, adoro tudo o que é animal e acompanho, cada vez mais, os papás quando estão a ver aqueles programas interessantes sobre a natureza.

Esta loucura animalesca começa a deixar os papás algo preocupados e com um ar apreensivo quando tentam explicar-me que nem todos os animais são bonzinhos e pacientes com as pessoas, sejam elas grandes ou pequenas.

Em todo o caso, já ouvi uns zun-zuns que, agora que estou mais crescida e que já percebo certas coisas da vida, os papás me vão levar ao Jardim Zoológico para me explicarem um pouco mais sobre certos animais.

A Cria

02 março 2009

Gelado de morango

Ainda não tinha dito, mas os papás compraram, há uns meses atrás, uma maquineta muito engraçada e prática que dá pelo nome de Bimby.

Uma cozinheira eléctrica, por assim dizer, que faz uma data de coisas boas, que, por vezes, nem nos lembrávamos de fazer, sem dar muito trabalho.

Recentemente, o papá teve – diz ele – a infeliz ideia de fazer gelado de morango, uma delícia pela qual fiquei fanática.

Hoje, antes do jantar, resolvi “bimbar” e, munida do meu degrau portátil, ajudei a mamã a fazer o delicioso gelado…

Uma farra, que deu direito a ficar toda lambuzada quando apanhei os papás pelas costas e, de colher em riste, decidi que, antes de ser lavado, o copo da maquineta tinha que ficar bem limpinho.

A Cria