29 novembro 2007

Batalha nocturna

Ontem foi mais uma noite de berros, se bem que menos violentos que os das noites anteriores, que me levaram a tomar medidas mais radicais, ainda que longe do patamar das medidas drásticas.

Depois de pedir à mamã que fosse dormir e que não se metesse no assunto, avancei para o quarto da filhinha, como soldado que investe contra o inimigo, consciente de que tinha uma batalha árdua pela frente.

O plano traçado para contrariar o plano da Joana era simples e passava por aguentar acordado mais tempo do que a pequena criatura, de modo a bater em retirada vitoriosa após ter a certeza de que ela já estava a dormir a sono solto.

Em pequeno, uma das minhas manhas passava por adormecer ao som do Bolero de Maurice Ravel e obrigar os meus pais a verdadeiros malabarismos para saírem do meu quarto sem que eu desse por isso, de modo a não acordar e desatar num daqueles prantos que, segundo reza a história, eram típicos e, quiçá, piores que os da Joaninha.

O meu pai sempre me disse que “cá se fazem, cá se pagam” e ontem lembrei-me bem dessas palavras, quando, como parte da estratégia de ataque delineada, tive que fingir que estava a dormir no tapete das brincadeiras do quarto da filhinha para, pouco depois e ao aperceber-me que ela já estava a dormir, me levantar e percorrer o quarto às escuras, pé ante pé, cheio de medo que o chão começasse a ranger à passagem dos meus quilinhos a mais ou de bater em qualquer coisa que provocasse barulho e acordasse a Joana.

Finda a batalha, dirigi-me ao meu quarto em busca do merecido descanso, o descanso dum guerreiro orgulhoso por mais uma batalha ganha mas convicto de que a guerra ainda está longe do seu fim.

28 novembro 2007

Parabéns


Parabéns aos melhores papás do mundo, e arredores, pelos quatro anos de casados que hoje celebram.

Assin., juntamente com muitos beijinhos - A Cria

É favor explicar, filhinha!

Ainda que sendo simpatizante do Benfica, ontem assisti, com as duas mulheres lá do palacete, ao jogo entre o Manchester e o Sporting, enquanto nos deliciávamos com um franganote assado e umas batatas fritas caseiras gulosas até mais não.

Finda a jogatana, foi chegada a hora de meter a cria na cama, o que, como dissemos num dos posts de ontem, não tem sido nada fácil.

Ora, mais uma vez, a tarefa de manter a Joaninha calada na cama mostrou-se inglória e, com algum custo, lá consegui convencer a minha amada mulher a acompanhar-me no visionamento dum episódio da excelente série “Prison Break” enquanto esperávamos que a berraria amainasse e que a filhinha adormecesse, vencida pelo sono e pelo cansaço.

Ao contrário do esperado, pelo menos por mim, a berraria não acalmou e culminou com um estrondo, vindo do corredor onde se situam os quartos, que me fez saltar do sofá e correr, feito louco, para o quarto da filhinha.

Muito sinceramente, acho que, durante a transposição daquela meia dúzia de metros, tudo me passou pela cabeça, e já imaginava a filhinha estendida no chão, aos berros, com a cama por cima dela ou com uma valente nódoa negra na testa, uma vez que não tinha a mínima dúvida que o estrondo tinha vindo do quarto dela.

A minha primeira surpresa surgiu ao chegar ao quarto… A porta que eu tinha deixado entreaberta, para poder ouvir o tão esperado fim do berreiro da filha, estava fechada.

Daí o estrondo”, pensei eu, acrescentando ao estúpido raciocínio que a razão do barulho se ficaria a dever a algum objecto arremessado pela pequena criatura que tinha feito com que a porta se fechasse.

A segunda surpresa, a verdadeira surpresa, aquela que me deixou boquiaberto e sem conseguir balbuciar, sequer, uma palavra, foi quando abri a porta e dei de caras com a pequena criatura fora da cama de grades, descalça, desgrenhada e a olhar para mim com um ar muito doce, agarrada à fralda e a um dos peluches que costuma ter na cama.

Nem lhe toquei… Corri, isso sim, de volta para a sala, chamei a mãe e levei-a até ao quarto da cria, onde lhe apresentei a insólita situação e onde a pequena criatura continuava, imóvel, à nossa espera.

Não houve raspanetes nem palmadas no rabo. Ao invés disso, e depois de nos certificarmos da inexistência de algo partido ou dorido, tentámos perceber como é que raio a pequena cria tinha conseguido saltar, às escuras, para fora da cama.

Ainda a metemos de volta no leito e pedimos, com muito jeitinho, que nos demonstrasse como é que tinha feito, mas, por vergonha ou por não querer revelar os seus segredos aos papás, a Joana não nos explicou a ponta dum corno e, ao contrário, ainda começou a rir, como quem diz que podemos bem descobrir sozinhos.

Assim sendo, tudo leva a crer que a pequena criatura trepou pelos pés da cama, passou por cima da estrutura, aterrou na “arca do tesouro”, que fez de degrau, chegou ao chão e dirigiu-se para a porta.

Traquina e irrequieta, sem dúvida! Ousada e aventureira, também! Esperta e determinada, com certeza que sim!

Só me resta esclarecer como é que raio a cria conseguiu fazer o que fez completamente às escuras e chegar á porta sem esbarrar com o aquecimento, estrategicamente colocado no meio do quarto…

27 novembro 2007

Plano manhoso

Dar cabo da cabeça aos papás passa por muitas horas de prática, muita paciência em esperar pela melhor ocasião e muito trabalho em delinear um plano consistente e sem falhas.

Esta pequena nota introdutória serve, precisamente, para dizer que a nossa irrequieta está a aprender bem a lição e a auto educar-se nestes meandros complicados de tentar levar dois adultos ao desespero, tendo sempre em conta e aproveitando-se da maneira de ser de cada um dos progenitores.

Assim, e já por três noites consecutivas, a Joaninha decidiu arreliar os papás com uma berraria, digna de acordar o prédio todo, que só pára quando, finalmente, a levamos para a nossa cama.

Tudo começa com uns suaves, mas determinados, “mãeeee”, “paiiiii” que vão aumentando de intensidade audível e que acabam por se transformar em verdadeiros berros, intercalados com a palavra mãe, repetida até à exaustão.

Mãe, claro está, porque a cria sabe bem onde apelar ao sentimento de modo a levar a sua avante.

Pai, só de vez em quando e quando se apercebe que o progenitor tudo fará para não receber reclamações dos vizinhos sobre uma gritaria que mais se assemelha a uma cena de tortura retirada duma série televisiva.

A conjugação perfeita deste binómio leva a que a cria consiga levar a cabo o plano delineado e que seja acomodada, com especial renitência por parte do pai, que não está nada de acordo com a frequência destas situações, na cama de casal, previamente aquecida, entre ambos os progenitores.

O pior de tudo é que, a reboque da pequena criatura, vêm a fralda de pano e dois peluches que a cria persiste em “emprestar” aos pais enquanto não adormece definitivamente.

Mulheres de baixa

A febre e os vómitos, que poderiam indicar uma gastroenterite, desapareceram tão subitamente como apareceram, sem que tivéssemos tempo de identificar que raio de problema se passou com a saúde da filhinha.

Resta uma tosse irrequieta e alguma que outra ranhoca, incomodativas, é certo, mas perfeitamente normais para a idade e tendo em conta a meteorologia imbecil que tem assolado este país.

Assim sendo, ainda que a Joaninha esteja melhor e após ouvir a opinião do pediatra, foi decidido em conselho familiar que a pequena cria fica de baixa até à próxima quinta-feira, acompanhada pela mamã, para que se possa restabelecer em pleno.

23 novembro 2007

Parabéns


Muitos beijinhos de parabéns para a minha avó que faz hoje 2007 – 1940 primaveras.

Muitas mais, sempre com muita saúde e alegria, na companhia de todos aqueles que preenchem o seu dia, são os votos da neta traquina.

Assin. – A Cria

Maleitas de volta

Ontem, a meio da tarde, a temperatura da Joana subiu radicalmente até aos 38,2º para, passado cerca de hora e meia, e sem qualquer tipo de medicação, baixar, outra vez, para a temperatura normal a rondar os 36,5º.

Coisa estranha para os papás mas, de acordo com o Dr. MC, perfeitamente normal numa cria desta idade.

Razões para o sucedido, novamente de acordo com o pediatra, podem ser várias, desde estar a chocar um constipação ou uma gripe, estar a chocar algo mais “violento” como uma varicela, já que foram detectados dois casos no infantário, ou, ainda, alguma coisa intestinal causada por alguma coisa que não tenha caído lá muito bem no pequeno estômago da cria.

A conselho do médico, controlámos a temperatura da filhinha durante a noite e, numa dessas ocasiões, deparámos com algum vomitado na cama.

O pai, meio estremunhado e a dormir em pé, ainda alvitrou que aquela substância pegajosa podia ter origem em algum dos bonecos que acompanham a cria durante o sono, mas essa hipótese foi logo posta de parte.

Às seis e meia da matina, quando a família começou a acordar para um novo dia, lá estava a cama novamente vomitada e a fralda cheia duma substância mal cheirosa e mais molenga do que é normal.

Ainda assim, e como a pequena criatura até que demonstrava sinais de muito boa disposição, lá decidimos levá-la para o colégio.

Mas foi sol de pouca dura, já que, depois do banho e enquanto a mamã a vestia, a Joaninha vomitou outra vez e a decisão passou a ser que não seria dia de escola para a filhinha nem de trabalho para um dos papás.

Gastroenterite ou má disposição derivada de alguma coisa que comeu?

O fim-de-semana, que está à porta, o dirá…

Gostamos de cuscar

- Julgamento precoce, no blog do meu papá

Nota – A família optou por não publicar o post em simultâneo, como é costume fazer, atendendo à linguagem, pouco aconselhável para um blog como o Traquina e Irrequieta, que o papá usou nas últimas palavras do penúltimo parágrafo.

22 novembro 2007

Pequeno susto

Pois é, mais um pequeno susto para juntar à colecção.

Desta feita, enquanto os papás conversavam, sobre assuntos importantes do dia, com a mamã sentada numa pequena arca que se encontra debaixo do parapeito da janela da sala, a pequena criatura, que estava junto à mamã, decidiu deitar a mão a um dos vasos que estão, precisamente, no tal parapeito.

Ora, o prato e o vaso baldaram e foram cair, direitinhos, em cima da carola da cria que, no meio da confusão, ainda tentou esquivar-se ou agarrar em tudo aquilo e atirar para longe, o que fez com que o vaso se virasse e que o cacto (sim… um cacto) aterrasse, primeiro, na testa da filhinha e, depois, numa das bochechas.

Resultados da façanha:

- A mãe também levou com bocados de terra e entrou em pânico, não pela terra mas, sim, por ver a filha com um cacto a adornar-lhe a testa.

- O pai, ao ver que não havia sangue nem espinhos do cacto enfiados num olho ou numa bochecha da cria, deu-lhe colo durante meia dúzia de segundos e voltou a pô-la no chão, para que se recompusesse do susto sozinha.

- A Joaninha, meio surpreendida com o acontecido, chorou durante meio minuto para, imediatamente a seguir, começar a rir, toda bem disposta, como sinal de que estava tudo bem e que os dois pequenos arranhões, na bochecha e na testa, nem estavam a doer muito.

- Enquanto a mãe, ainda em stress e a sofrer mais do que a cria, levou a filhinha para o banho, o pai teve que aspirar a sala e sacudir as mantas que servem de capas para os sofás.

- O cacto nada sofreu, não foi castigado e foi devolvido, dentro do respectivo vaso, ao parapeito da janela da sala.

21 novembro 2007

O futuro da Esmeralda

Mesmo com os relatórios apresentados pelos especialistas na matéria de psiquiatria infantil, que apontam para os efeitos nefastos que podem advir da entrega da pequena Esmeralda ao pai biológico, logo depois do Natal, esta decisão das instâncias judiciais deverá ser para cumprir.

Já se sabe que as visitas do papá biológico têm provocado perturbações na pequena criatura e que os psiquiatras são peremptórios em afirmar que um afastamento definitivo dos pais adoptivos só será prejudicial para a criança, considerando a situação como devastadora e catastrófica.

Pergunto-me como será o futuro da criança, especialmente no que toca ao relacionamento com os adultos, ao desenvolvimento da sua personalidade e à maneira de lidar com as coisas boas e as coisas más da vida.

Estaremos perante um caso de alguém que criará defesas e saberá dar a volta por cima ou, o que será mais natural face às considerações da equipa de pedopsiquiatria que a acompanha, perante alguém que crescerá acossada pelo seu passado, na dúvida e na rebeldia, resultando em mais um caso de adolescência perdida que envereda por caminhos de droga, prostituição ou criminalidade?

Nota – Também publicado no Sempre a Produzir

19 novembro 2007

Arrumações

Ontem foi dia de arrumação da despensa lá de casa e a cria decidiu, como já é seu apanágio, dar uma ajuda.

A missão que lhe confiámos era simples e consistia em levar alguns artigos para a mesa e outros para um saco de lixo, estrategicamente colocado perto da porta da cozinha.

Ora, a pequena criatura compreendeu tudo na perfeição.

Colocou o que era para colocar na mesa, na mesa; o que era para o saco do lixo, no saco do lixo; os cubos, legos e afins, que estavam espalhados pela casa, no compartimento próprio do carrinho que empurra para riscar o chão da casota; e uma das pantufas num armário da cozinha, entre tachos e panelas.

A linguagem da cria

A pequena criatura está naquela fase do entende tudo, diz meia dúzia de palavras compreensíveis à audição e mentalidade dos adultos e esforça-se por dizer tudo e mais alguma coisa, ainda que atabalhoadamente e sem que ninguém, a não ser a própria, entenda o que diabo querem dizer aquelas sílabas e frases magnificamente “cantadas”.

16 novembro 2007

Uma pocinha na caminha

Sete da manhã… Altura, como é costume diário, do papá ir buscar a filhinha para o leitinho matinal.

Sete da manhã… Surpresa! As calças do pijama estão molhadas e o lençol também.

A pergunta do pai, “como é que isto aconteceu, filhinha?”, não foi merecedora duma resposta directa e concreta, já que a Joana se limitou a apontar para o lençol e, com um sorriso, lançar aqueles sons que ninguém consegue perceber, especialmente àquela hora.

Não é frequente. Aliás, em todos estes meses de uso intenso de fraldas, chichi ou cocó fora das ditas são casos que se contam pelos dedos das mãos e o mais natural é que a filhinha se tenha descuidado enquanto dormia numa daquelas posições menos conservadoras que nem sequer passam pelas cabeças dos designers “fraldísticos”.

15 novembro 2007

Surpresa vespertina

Normalmente, é a mamã que me costuma ir buscar ao infantário, já que tem um horário diferente do horário do papá e chega sempre mais cedo.

Por isso, é sempre uma surpresa quando o papá também acompanha a mãe à hora da minha saída.

Ontem, no entanto, a coisa foi diferente e a surpresa foi de tal maneira surpreendente que fiquei a olhar muito fixamente para o papá e, depois, fui a correr para os braços dele, como se não o visse há muito tempo.

Assin. - A Cria

12 novembro 2007

A priminha Isabel

Com a saúde do papá já a funcionar em pleno, fomos, finalmente, ver a minha priminha Isabel e confesso que foi uma grande surpresa, já que nunca tinha visto, ao vivo e a cores, uma cria tão pequenina, bem mais pequenina do que eu.

Os papás lá me explicaram que eu também já fui assim, muito pequenina, e que agora é que já estou mais crescida.

Como sabem, os mais experientes, não há muito que dizer sobre uma bebé que ainda só tem “meia dúzia” de dias, a não ser que come, faz cocó e dorme.

Em todo o caso, a Isabel é muito sossegadinha e nem chorou quando lhe fiz umas festinhas e lhe dei uns beijinhos, sempre cheia de cuidados porque percebi que não estava a lidar com uma das minhas bonecas.

Assin. – A Cria

Parabéns


A minha mamã faz hoje 32 aninhos.

Para ela, que é, tão simplesmente, a melhor mamã do mundo, milhões e milhões de beijos de parabéns e que todas estas primaveras se estendam por muitos mais aninhos, sempre cheia de saúde e sempre na companhia daqueles que tanto a amam e que tanto lhe querem bem.

Adoro-te, mamã!

Assin. – A Cria

08 novembro 2007

Gostamos de cuscar

- 6 horas, no Ms. Lefty And Her Blueberry

Prémio

O Traquina e Irrequieta foi premiado.


A distinção veio das nossas amigas homónimas do blog Joaninha Voa Voa e deixou-nos contentes, animadas, vaidosas e emocionadas.

Todos os blogs por nós referenciados, ali da coluna da direita, têm o seu quê e são todos especiais, ainda que hajam dois ou três que, e quem os escreve sabe-o bem, que são ainda mais especiais.

Não vamos fazer distinções e o Premio "Blog 5 Estrelas" vai para todos os que constam ali ao lado, com um grande beijinho meu.

Assin. - A Cria

07 novembro 2007

Mais um mês

Para memória futura, aqui fica o “banner” do ano e sete meses.


Dezanove meses e parece que foi ontem que estivemos contigo nos braços, por primeira vez, após longas horas de espera.

E tanto que mudou em dezanove meses… Mudaram as nossas vidas, os nossos hábitos, a nossa maneira de enfrentar o dia a dia.

Tornámo-nos pais. Tornámo-nos em seres com responsabilidades acrescidas, que não tínhamos tido até então, e só isso já faz uma diferença do caraças.

E tanto que mudaste, filhinha… Passaste de bebé bebé a uma bebé grande, esperta, vivaça, com uma personalidade vincada, sempre divertida e sempre com uma grande dose de carinho para dares aos teus papás.

Andar é contigo; Dançar, também; Comer, tem dias; Desculpa o termo, e desculpem os(as) leitores(as) mais sensíveis, mas cagar é coisa que continuas a fazer com uma perfeição invejável.

Uma palavra importante para a fala… As palavras começam a aparecer com uma assiduidade bastante grande e consegues fazer-te entender cada vez com mais facilidade.

Parabéns por mais um mês, querida filha.

Musiqueta com hálito fresco


05 novembro 2007

Sangue

Com a saúde do papá a melhorar, a família decidiu ir às compras e aproveitar para analisar uns produtos que estamos a pensar adquirir.

No meio de tanta análise, comecei a ficar farta e, no meio de tantas traquinices, que já iam aborrecendo os papás, decidi dar uma “fugida” mais irrequieta que obrigou o papá a correr atrás de mim e a perder a concentração no que estava a fazer.

Ora, quando o papá me agarrou e me puxou para junto dele, tentei passa-lo à frente, tropecei no pé dele e fui direitinha com a cara ao chão, o que provocou um pequeno golpe interior no meu lábio superior, um berreiro sem precedentes na pacata loja e as normais reacções, antagónicas, dos papás…

A mamã teve mais dores do que eu e, ao ver um tímido vestígio de sangue na minha boca, ficou muito ansiosa e mobilizou meio centro comercial numa acção de socorro à minha pequena, mas ilustre, personalidade, incluindo seguranças, empregadas das lojas, empregadas do balcão de informações e transeuntes que iam a passar.

O pachola do papá, ainda que com um ar mais preocupado do que é costume, sentou-me num balcão, abriu-me a boca, constatou que as minhas dentolas estavam todas no sitio, a língua sem cortes e que o pequeno lanho era, efectivamente, na parte interior do lábio.

Depois de beber um pouco de água e de ter dado uma nova decoração, umas pequenas manchas em tons de vermelho, a uma das minhas fraldas, lá acalmei e comecei a sorrir e a falar com a minha mamã, de modo a acalma-la, também.

Quanto ao pequeno golpe, é como o avô dizia ao papá e, agora, o papá me diz a mim…

“Incha, desincha e passa!”

Assin. – A Cria