18 março 2009

Amuado

Assim que arranquei com o bólide, em direcção à escola, a pequena cria começou, tagarela, a debitar palavras a torto e a direito.

De repente, fez uma pausa e chamou: “Pai, pai!

Sim, filha. O que foi?” – respondi-lhe.

A resposta foi qualquer coisa como Gonçalo amuado ou Gonçalo muado ou Gonçalo nuado da Joana.

Engoli em seco e olhei para a mãe, que, com um sorriso doce, se antecipou e, antes que eu pudesse dizer fosse o que fosse, voltou a perguntar à filhinha o que é que ela tinha dito.

A resposta foi a mesma, que é como quem diz “O Gonçalo é o namorado da Joana”.

Enquanto a minha querida mulher se desfez em risos e, depois, em conselhos do género “beijocas só nas bochechas”, eu engoli em seco e continuei a guiar, sem dizer uma palavra – eu, sim, amuado – e a pensar na vida…

Não que me importe que a filhinha namore, nada disso, desde que o rapazito seja educado, bom aspecto e respeitador.

O problema é que estamos em tempo de crise e não me parece que haja por aí uma qualquer instituição bancária que me faculte o empréstimo para comprar o tal tanque de guerra.

O Papá

4 comentários:

SCAS disse...

estão cd vez mais precoces estas crias :-)

Anónimo disse...

É verdade, Scas. No nosso tempo acho que não era assim.
Beijinhos nossos.

Maraffaada disse...

Nós por cá já tivemos de ultrapassar o amuo... O vizinho da ama, que já lá esteve e que vê a sua "Beu" todos os dias, farta-se de lhe pespegar beijos na boca, para gáudio dela e stress dos pais (nós)! Ele diz que "namuado" dela, ela se questionada sobre o namorado, encolhe os ombros e diz "não sei"...
Empréstimo duvido que arranjes mas há sempre a hipótese de fazer uma espera à "ameaça", numa qualquer esquina!! ;)

Os Papás disse...

Uma qualquer esquina, não...
É mesmo à porta do infantário!
Estamos mesmo a ver a Becas a encolher os ombros e a inocência desse "não sei".
Beijinhos dos três