29 novembro 2007

Batalha nocturna

Ontem foi mais uma noite de berros, se bem que menos violentos que os das noites anteriores, que me levaram a tomar medidas mais radicais, ainda que longe do patamar das medidas drásticas.

Depois de pedir à mamã que fosse dormir e que não se metesse no assunto, avancei para o quarto da filhinha, como soldado que investe contra o inimigo, consciente de que tinha uma batalha árdua pela frente.

O plano traçado para contrariar o plano da Joana era simples e passava por aguentar acordado mais tempo do que a pequena criatura, de modo a bater em retirada vitoriosa após ter a certeza de que ela já estava a dormir a sono solto.

Em pequeno, uma das minhas manhas passava por adormecer ao som do Bolero de Maurice Ravel e obrigar os meus pais a verdadeiros malabarismos para saírem do meu quarto sem que eu desse por isso, de modo a não acordar e desatar num daqueles prantos que, segundo reza a história, eram típicos e, quiçá, piores que os da Joaninha.

O meu pai sempre me disse que “cá se fazem, cá se pagam” e ontem lembrei-me bem dessas palavras, quando, como parte da estratégia de ataque delineada, tive que fingir que estava a dormir no tapete das brincadeiras do quarto da filhinha para, pouco depois e ao aperceber-me que ela já estava a dormir, me levantar e percorrer o quarto às escuras, pé ante pé, cheio de medo que o chão começasse a ranger à passagem dos meus quilinhos a mais ou de bater em qualquer coisa que provocasse barulho e acordasse a Joana.

Finda a batalha, dirigi-me ao meu quarto em busca do merecido descanso, o descanso dum guerreiro orgulhoso por mais uma batalha ganha mas convicto de que a guerra ainda está longe do seu fim.

1 comentário:

Sandra disse...

Pois é ... pois é ... o ditado tem a sua razão ... lá por casa é a mesma coisa!!!!

Beijinhos
Sandra e Matilde